22.10.08

PAR AVION | Galeria Marta Traba



INTIMIDADE CONTEMPORÂNEA
por Nicholas Petrus


O tema epistolográfico, e sua presença e influência nos meios artísticos, é comumente relacionado à Arte Postal [Mail Art].

Hoje o próprio meio postal atinge novos conteúdos através de novas possibilidades técnicas, porém, é a apropriação de elementos relacionados ao universo da transferência de mensagens e da revelação da intimidade, da e na, arte do ato de escrever cartas, que motivam a seleção dos artistas e obras de PAR AVION.

Foram convidados 14 artistas contemporâneos, que por distintos caminhos, acabam por encontrar, em algum momento de seus percursos, a necessidade de revelar uma intimidade, de organizar e compartir a memória e de cultivar a existência do outro.


A Arte Postal é apresentada como coleção através da seleção de acervos pessoais de artistas.


Trabalhos em fotografia, vídeos, desenhos, entre outras técnicas, de alguma maneira manifestam esse momento particular da construção da mensagem, da descontrução da mensagem, da necessidade de comunicação da obra, da obra em sua silenciosa intimidade reveladora...


O artista é flagrado também no ato epistolográfico, neste momento intenso e livre, de concentração na personalidade distante, de solidão, no instante em que as idéias transformam-se em códigos. Manuscritos, poemas e cartas declamadas, trazem ao contemporâneo um instante passado, uma nostalgia permanentemente presente.


A disseminação de novos meios de comunicação modificou a correspondência e envio de mensagens, criando formas híbridas, com a alta tecnologia de transferências instantâneas coexistindo com as formas mais arcaicas. Neste contexto, a epistolografia de PAR AVION é uma fresta entre o tempo da intimidade e o tempo da transitoriedade.


Nicholas Petrus é curador e artista visual.
Formado em Geografia pela Universidade de São Paulo



”O tempo proposto pelas obras, que pedem uma contemplação mais lenta, é coerente com a natureza íntima que as permeia. O questionamento do ritmo frenético pós-moderno aparece como conseqüência natural do viés subjetivo que as une. São expressões de mapas mentais e memórias individuais, que brincam com os limites entre fato e imaginação, entre tempo cronológico e tempo subjetivo. A curadoria investiga esses limites difusos e convida para uma viagem pelo universo particular dos artistas.”

Fernanda Proença é formada em Filosofia,
onde cursa mestrado em Estética


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Um comentário:

Vicente de Percia disse...

Sem dúvida aperda de Marta Traba e de marido em acidente de avião deixou lacunas na Arte