2.8.17

DESARTICULACIONES . Blau Projects




DESARTICULACIONES
LEITURA DE TEXTOS
12 de Agosto . 2017

María Alejandra Gatti
CURADORIA

ARTISTAS
Alan Segal
Lorena Marchetti
Lihuel González
Lorena Fernández
Verónica Gómez

BLAU PROJECTS
Rua Fradique Coutinho . 1464 . VILA MADALENA

No espaço, um discurso construído a partir da ideia de tradução como passagem cria uma condição ainda não decifrada, uma exposição com obras que acendem e apagam. Tudo desaparece quando nos aproximamos. O conceito silencioso da curadora argentina Alejandra Gatti para Desarticulaciones quer mais de nós e da arte, da linguagem, linguagens... A totalidade, uma trama exigente, é uma investigação da interdependência artística, com a obra existindo quando outras formas de significação se manifestam.

A integração obra-texto-espaço é um caminhar nessa fronteira pouco falada e pouco ativada de que a obra de arte esta inserida no contexto compartilhado e simultâneo das linguagens artísticas do corpo, da palavra, sons, gostos e odores. Desarticulaciones convoca a ativação de todas as Artes e dos nossos sentidos. O olho, o passo, a lingua, o corpo... a sincronia do sensível é a utopia final, fatalmente inalcançável, ensaio filosófico e harmonia espiritual. Para além da formalidade da obra, galeria, as relações possíveis, o silêncio da exposição é um sublime grito sobre o significado da beleza.

A intermitência das obras é completada na intermitência textual. Complexa como literatura, tocante como o poema favorito. Que se rompa o silêncio. O grito desfaz a espera do hábito: e que venha calmo, ousado, conflituoso, coletivo, solitário... mas a arte é o campo, o campo para lavrar e colher, o campo que alimenta o desconhecido. Campo onde grito não é dor e dor não á sofrer.

Como um poema visual, apresenta o vocábulo "traductio”, que pode ser definido como a ação de se guiar de um lado para outro, sendo composto de três partes. Uma delas é o prefixo "trans”, que é sinônimo de "um lado para outro”, o verbo "ducere”, que significa "guiar”, e o sufixo "cion”, que equivale a "ação”. A ideia é mostrar a ação de um lado a outro, de uma língua a outra e de uma linguagem a outra. O nome da exposição é inspirado na obra homônima, o livro Desarticulaciones, da escritora argentina Sylvia Molloy, publicado em 2010, em Buenos Aires.

Os artistas apresentados são Alan Segal, Lorena Marchetti, Lihuel González, Lorena Fernández e Verónica Gómez, com a participação de escritores brasileiros contemporâneos junto aos cinco artistas argentinos. Nicholas Petrus escreve sobre Lihuel González, Thais Gouveia sobre Verónica Gómez, Fabiana Faleiros sobre Lorena Fernández, Marcelo Carnevale sobre Lorena Marchetti, e Leonardo Araújo escreverá sobre a obra de Alan Segal.

Obras, textos, público, espaço, sons, tempo, cores... Há uma unidade no momento que compreendemos que as obras se diferenciam e completam, são solitárias, mas na solidão não dialogam, são criações de artistas, mas são – finalmente – de todos nós.

As obras estão, os textos existem, o espaço ali está...
E você, de onde vem, para onde vai?

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María Alejandra Gatti
A curadora atualmente trabalha como Coordenadora Geral do Parque da Memória – Monumento para as Vítimas de Terrorismo de Estado, espaço onde se articula a arte, a memória e os direitos humanos. Como curadora e editora independente, coordena o ciclo "Escenario Prestado”, projeto editorial que articula artes visuais com literatura, além de codirigir o projeto Catálogo dos textos da dança, declarado de interesse cultural em Buenos Aires e selecionado para participar da residência internacional NAVE, em Santiago do Chile, em 2017. Está atualmente escrevendo seu primeiro livro como autora independente, a ser publicado em 2018.

C.LAB
Concebido como projeto independente do programa regular de exposições da Blau Projects, o concurso anual C.LAB seleciona e apoia projetos de curadores e artistas para exposição no espaço da galeria, reforçando seu papel de incubadora e difusora da arte contemporânea.

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